segunda-feira, 23 de junho de 2008

Pó em cartaz na Geppetto


"Certo que eu engenhava coisas, inventava convivências com cigarras, descia na casa das formigas..."

Começa aqui o labirinto. Estrada a ser percorrida. Gavetas a serem abertas. Odisséia com acontecimentos da jornada. Tentativa de desenhar mapa. Percurso da procura. Destrancar memórias.

Na maioria das montagens anteriores da Cia. Trapaça, o figurino tinha uma explosão de cores. Em Pó, a idéia é ser lavado, descorado, desbotado, sujo, amarelado. Minha criação é intimamente ligada ao figurino, ele funciona como uma segunda pele... Figurinos, pra mim, tem cheiro, textura, remetem a memórias, guardados, arcas e arcaísmos, mitologia pessoal, fatos que “tijolaram” minha vida. Minha atração por figurinos começou com minha mãe que era costureira, e ela era filha de uma tecedeira.

Eu ficava deitada debaixo da mesa e da máquina de costura pegando os retalhos que sobravam. Juntava esses pedaços com trapos de pensamentos de menina e tecia invencionices, falava sozinha, cantarolava, vendo o pé que se movia no vai-e-vem da máquina que desenrolava significados intermináveis.

Nenhum comentário: